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quinta-feira, 2 janeiro , 2025

Celebrar para não esquecer

O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é motivo de celebração e de memória.
Julio Medeiros e João Leite

Lembrado todo dia 28 de junho, o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ traz à memória tanto a felicidade do orgulho quanto os danos causados pela intolerância e o ódio. Abarcada por lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, queer, interssexuais, assexuados e outras formas de sexualidade, a sigla representa um movimento que luta principalmente contra a LGBTIfobia.

Criminalizada no ano de 2019, a LGBTIfobia é a descriminação de alguém em decorrência da sua orientação sexual e/ou identidade de gênero. Dessa prática criminosa resultam as maiores violações que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta todos os dias de suas vidas: a violência.

O próprio Dia do Orgulho é um marco da uma violência sofrida por gays, lésbicas, transsexuais e outros membros no ano de 1969, quando a polícia de Nova York invadiu o Bar Stonewall Inn, conhecido por ser frequentado por “degenerados sociais”. O ataque, contudo, encontrou resistência por parte da comunidade LGBTQIA+ e que é lembrada na data de hoje.

Os “garotos de rua” que reagiram ao ataque policial. Fotos: Joseph Ambrosini/New York Daily News

A LGBTfobia é o resultado do ódio, somado aos anos de marginalização da comunidade, seja pelo alinhamento pregado principalmente por grupos religiosos, seja por um cientificismo que tratou a questão como doença até meados dos anos 1990.

52 anos separam a Rebelião de Stonewall da presente data, porém ainda são recorrentes os casos de violência em decorrência da LGBTIfobia: só no ano de 2020, foram 237 mortes, como foi divulgado pelo relatório do Acontece Arte e Política LGBTI+ e pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Por mais que a cifra represente queda em relação ao ano de 2019, “ela não pode ser comemorada”, como destaca o próprio relatório.

No caso brasileiro, embora resistir seja a palavra de ordem vigente, sobreviver também é. 237 pessoas LGBTQIA+ tiveram suas vidas interrompidas em 2020.

Foto: Lula Marques.

O retrato do discurso que permeia essas mortes, hoje, ocupa a Presidência da República: LGBTIfóbico “assumido” — uma triste ironia —, Jair Messias Bolsonaro se “orgulha” de seu preconceito, que desrespeita e despreza a diversidade, e que serve como aval para as violências contra a população LGBTQIA+.

Porém, se antes estavam presos em armários, a comunidade encontra em dias como o de hoje a data da sua alforria. Num país como o Brasil, a própria celebração da diversidade é um ato de resistência: mesmo em casa, são muitos as marcas, serviços e os eventos virtuais que promoverão esse dia.

Congresso Nacional com a as cores da Bandeira LGBTQIA+. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

A divulgação, conscientização e orientação sobre a diversidade LGBTQIA+ são processos necessários nas sociedades democráticas, e trazem luz sobre erros históricos, além solidificar políticas públicas que não permitam que esses mesmos erros sejam cometidos novamente.

O caminho de uma sociedade mais justa passa pelo entendimento de que é a capacidade de ser diferente que torna os seres humanos todos iguais.

João Leite e Julio Medeiros

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