Hoje (23) o Brasil assistiu atônito uma das novas faces do ator Jair Bolsonaro; umas das muitas que acumula o Presidente da República.
Em pouco mais de 3 minutos, “Sua Excelência” mostrou a narrativa com a qual sonha em seus sonhos mais íntimos: um Governo Federal heroico, um povo que pode confiar em seu Chefe de Estado e de Governo; um Messias.
Sua farsa começou começou há pouco mais de 2 anos, quando lançou sua candidatura com base em histeria coletiva que tomou conta da classe média “cristã e de família” — igualmente tomada pela histeria que Bolsonaro causa nos seus eleitores.
Colhendo insucessos e vexames internacionais, o Presidente da República agora encara um cenário muito menos cômico: em 24h o maior país da América Sul acumulou 3.158 mortes em 24 por conta da pandemia de Covid-19, segundo Consórcio de Veículos de Imprensa.
São mais de 3.000 vidas interrompidas e outras muitas sem quaisquer recursos para manter as suas: quem se sustenta com a “esmola emergencial” de incríveis R$350 nos melhores cenários? É cruel.
Bolsonaro é um fenômeno do eterno esquecimento brasileiro
O esquecimento e a mentira — convenientes ou não — parecem ser a política de governo desde o primeiro dia de janeiro de 2019: tudo o que é dito some nos meses subsequentes; não se lembra dos dados; inventa-se uma história. Para cada nova mentira, uma nova morte. Para cada vida, um novo esquecimento.
“Sempre afirmei que adotaríamos qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa. E assim foi feito.” — afirmou o Presidente em cadeia nacional de rádio e televisão.
A total incapacidade, inércia, inaptidão e desprezo pela vida mostra a face mais cruel e trágica do Capitão.
O Presidente da República se esqueceu do seu juramento de “manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil“
Em “18 de Brumário”, Karl Marx introduz a célebre frase que a “História se repete: primeiro como tragédia e a segunda como farsa”. Não poderia haver melhor definição da situação atual.
Num retrospecto histórico, a tragédia ocasionada pela Gripe Espanhola, durante a Primeira Guerra Mundial, em 1918, a doença foi tomada como piada, ganhando o mesmo tom de xenofobia:
“Em nossa opinião a misteriosa moléstia foi fabricada na Alemanha, carregada de virulência pelos sabichões teutônicos, engarrafada e depois distribuída pelos submarinos que se encarregam de espalhar as garrafas perto das costas dos países aliados…” — dizia a publicação d’A Careta no ano de 1918.
Presidente Venceslau Brás
Igualmente ao que acontece hoje, as autoridades sanitárias recomendaram que as pessoas ficassem em casa e o isolamento de contaminados. O mesmo jornal, A Careta, à ocasião, comentou que havia, na ocasião uma “ameaça da medicina oficial e da ditadura científica.”
“Quero tranquilizar o povo brasileiro e afirmar que as vacinas estão garantidas.” — mais uma das frases delirantes do Presidente da República.
E foi só depois 300.000 mortes que Bolsonaro entendeu que a vacinação é necessária.
É inaceitável com um homem reprovável se sente na cadeira presidencial brasileira. Que alguém com tamanha falta de empatia pelos brasileiros seja seu Chefe de Estado e de Governo.
Para o Covid-19 ainda não existe remédio cientificamente comprovado — só a vacinação em massa é a solução adequada. Mas para doenças como Bolsonaro, que por omissão causou a morte de 300.000 brasileiros, o remédio é um só: a destituição do Presidente da República.