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segunda-feira, 30 dezembro , 2024

Bolsonaro anuncia pedido de impeachment de ministros do STF

No Twitter, o presidente disse que sabe "das consequências, internas e externas, de uma ruptura institucional" causadas pelo impeachment.

O Presidente Jair Bolsonaro anunciou no sábado (15) que realizará o pedido de impeachment de dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

O presidente pede pelo impeachment de Alexandre Moraes, ministro que autorizou a prisão de dois de seus aliados políticos no Inquérito das Fake News: o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e o presidente do PTB, Roberto Jefferson. Jefferson é suspeito de integrar uma organização criminosa digital com a intenção de atacar instituições democráticas.

Bolsonaro
Presidente Bolsonaro durante Solenidade Militar de Entrega de Espadins aos Cadetes da Força Aérea Brasileira. Foto: José Dias/PR

Já o pedido de impeachment de Barroso se dá principalmente por conta das constantes falas de Bolsonaro contra o atual sistema eleitoral. Bolsonaro acusa o ministro do STF, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de promover fraude eleitoral através da urna eletrônica.

São frequentes os ataques ao Judiciário: o último é a mensagem compartilhada pelo presidente falando em possibilidade de contragolpe.

O presidente afirma ainda não desejar uma ruptura constitucional, mas que ambos os ministros extrapolam o limite da constituição.

Prisão de aliados seria o motivo do pedido de impeachment

Tanto a prisão de Daniel Silveira quanto de Roberto Jefferson causaram impacto entre os aliados do Planalto.  A filha de Jefferson, Cristiane Brasil, que também é ex-deputada, ameaçou Bolsonaro por não agir contra a prisão de aliados conservadores. Além disso, os apoiadores do presidente afirmaram que a prisão poderia ser considerada uma ação contra políticos de direita.

Roberto Jefferson
Ex-deputado federal, Roberto Jefferson foi preso no último dia 13. Foto: Weleson Nascimento/PTB Nacional

Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) falou à Folha de São Paulo sobre a questão política e jurídica do pedido.

Rafael acredita que a situação atual de “ataques” ao Judiciário seja diferente do que já foi em outros momentos do governo Bolsonaro, já que mais alvos estiveram na mira do presidente, a mídia e a esquerda política, por exemplo.

Nos últimos meses, porém, presidente tem direcionado suas falas principalmente ao STF e o TSE, sendo o ministro Barroso um dos seus principais alvos. O presidente se nega em reconhecer a segurança da urna eletrônica e o atual sistema de voto.

O professor traz ainda a importância do presidente do Senado Federal, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no caso. Isso porque o processo de impeachment de um ministro do Supremo é apresentado diretamente ao Senado, que, nas palavras do professor, tende a sofrer pressão para aceitar a abertura do processo.

O ineditismo do pedido

Durante a mesma entrevista, Mafei destaca a tentativa de intimidação por parte do presidente à outros poderes, principalmente ao Judiciário — que o presidente insiste apontar como o STF.

Luís Roberto Barroso
Ministro Luís Roberto Barroso, membro do STF e presidente do TSE, na Câmara dos Deputados, durante comissão do voto impresso.

“[…] me parece haver algo mais grave, um conjunto maior de ações do Presidente que, nitidamente, visam intimidar e constranger, criando, portanto, uma oposição ao livre funcionamento do poder judiciário e isso, sim, pode configurar um crime de responsabilidade” definiu o professor.

Mafei pontua ainda que acredita ser a primeira vez que vê um pedido de impeachment de um ministro do Supremo por parte de um Presidente da República.

 “Não me parece que este ato isoladamente configure algo que possa, sozinho, ser chamado de um crime de responsabilidade”, afirma.

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