No último domingo (15), o Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enviou aos seus contatos uma mensagem defendendo as manifestações que aconteceriam no dia 7 de setembro e promovendo o contragolpe.
A mensagem foi compartilhada através de uma de transmissão do WhatsApp. O texto diz que há necessidade de um contragolpe e a importância do comparecimento de grande quantidade dos apoiadores do Presidente nessa manifestação.
A motivação para tal mensagem surgiu de uma pressão de grupos que apoiam Bolsonaro. Os apoiadores pedem por uma ação mais firme contra um possível golpe que estaria se consolidando através do Poder Judiciário e da esquerda nacional.
O texto traz também a explicação das razões pelas quais o Presidente e as FFAA (Forças Armadas e Forças Auxiliares) estão agindo de forma lenta. A mensagem cita o fato de já estarem no poder de forma democrática.
“[Estamos lutando] para MANTER no poder quem elegemos, ajudando-o para que reestabeleça, com apoio das FFAA, o equilíbrio entre os poderes e o ESTADO DEMOCRÁTICO de DIREITO, apenas isso.”
O conteúdo da mensagem demonstra apoio à Bolsonaro e às FFAA para tomarem as decisões que seriam cabíveis no atual momento.
O texto foi assinado por um grupo do Facebook intitulado “Ativistas Direita Volver”. O grupo afirma que o apoio é importante para a legitimidade nacional e internacional “do contragolpe”.
Esse suporte também demonstraria que existe o respeito à democracia brasileira por parte do movimento, autorizando o presidente e as FFAA para tomar ação para manutenção da democracia, do equilíbrio entre os poderes, do cumprimento da constituição e do resgate do Supremo Tribunal Federal (STF).
Como forma de justificar novamente a lentidão do atual Presidente diz que
“Hoje, fazer um contragolpe, é muito mais difícil e delicado do que naquela época [do Regime militar], além do grave aparelhamento acima relatado, temos uma constituição comunista que tirou em grande parte os poderes do Presidente da República”. O texto faz ainda referência ao golpe de 64 e citando como “grave aparelhamento” o fato de existirem Organizações Não-governamentais (ONG’s) e “grupos terroristas disfarçados de militantes e coletivos de esquerda”.
Rodrigo Maia e Ivan Valente apontam que não existe contragolpe
Sobre este tema, o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pronunciou-se durante o fim de semana apontando que os ataques do Presidente da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) possuem o objetivo de provocar uma reação dos ministros, criando uma abertura para que ele dê um golpe de estado, intitulando-o de contra golpe.
Ainda neste fim de semana, Bolsonaro encaminhou o pedido de impeachment de dois ministros do STF, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, sendo o segundo também ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) também se pronunciou sobre o texto divulgado por Jair Bolsonaro, na madrugada de Segunda-feira (16). Ele comparou a ação planejada do Presidente à ação do Talibã, grupo que vem tomando o Afeganistão novamente nas últimas semanas.
Diz ainda “Fora Talibã Bolsonarista” e afirma não se tratar de um contragolpe, “já que o golpista é o Presidente da República”.