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quarta-feira, 19 fevereiro , 2025

Direita começa a se descolar de Bolsonaro

Personalidades como a deputada Janaína Paschoal criticam o uso das redes sociais e sinalizam distanciamento.

As eleições de 2020 representaram o primeiro desafio político da gestão Bolsonaro: com dois anos de governo, o ideal defendido pelo Presidente da República — principalmente nas redes sociais — se viu colocado à prova na esfera municipal, testando a capacidade do Chefe do Executivo de engajar os eleitores a votar em candidatos alinhados com as pautas de Palácio do Planalto.

Aproveitando o movimento que o elegeu Bolsonaro em 2018, milhares de candidatos a prefeito e a vereador fizeram questão de estampar o rosto do Presidente em seu material de campanha.

Porém, os resultados das urnas soaram mais como um balde de água fria: muitos dos municípios brasileiros elegeram ou voltaram a eleger políticos considerados moderados ou do “centrão”.

Um levantamento do Portal G1 (https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2020/eleicao-em-numeros/noticia/2020/11/29/mdb-encolhe-mas-lidera-ranking-de-prefeitos-eleitos-pp-e-psd-crescem-e-ocupam-2a-e-3a-posicoes.ghtml) mostrou que MDB, PP, PSD e PSDB, respectivamente, são os partidos com o maior número de prefeitos no ano de 2021, o que aponta para um possível um sinal de desgaste na imagem da direita política brasileira e de Bolsonaro.

Nomes como da da deputada estadual de São Paulo Janaína Paschoal (PSL), pivô e co-autora do pedido de Impeachtment de Dilma Roussef, já têm se pronunciado em direção a uma nova formulação da direita conservadora.

Em reportagem cedida à Folha de São Paulo (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/01/direita-precisa-de-mais-conteudo-e-menos-pancadaria-diz-janaina-paschoal-que-quer-disputar-senado.shtml), a parlamentar criticou o movimento e a maneira como a vida política representada pela direita faz uso das redes sociais.

“Falta um pouco de conteúdo, e precisa de menos rede social, menos pancadaria” — disse em reportagem à Folha de São Paulo.

As redes sociais têm figurado com uma das principais estratégias políticas da direita política do Brasil: lives diretamente do Palácio do Planalto, correntes de mensagens, vídeos e áudios são um dos recursos mais utilizados como validadores das mensagens do Governo. Além desses, verdadeiros ataques virtuais à “inimigos do Governo” têm sido atribuídos às alas mais radicais que apoiam o Presidente.

Esse uso intensivo das mídias digitais para esses fins já havia sido apontado por outros políticos, como a deputada federal Joice Hasselmann (PSL). Em depoimento prestado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigava as Fake News em 2019, Hasselmann afirmou que Eduardo e Carlos Bolsonaro — filhos do Presidente — eram “mentores” de um esquema que criava os ataques virtuais. Hasselmann havia rompido com a Presidência da República em outubro do mesmo ano.

Esse constante desgaste e afastamento de ex-aliados, somado às novas ferramentas de verificação de fake news desenvolvidas por plataformas como Facebook e WhatsApp, têm colocado em xeque a política do Presidente, que precisará de novas articulações políticas, principalmente dentro do Congresso Nacional, onde ocorrem as eleições para a Presidência da Câmara e do Senado e onde se acumulam os pedidos de Impeachment contra o Presidente.

Assim, resta saber: o futuro de Jair Bolsonaro à frente da Presidência da República será o mesmo do ex-Presidente Fernando Collor, isolado e sob risco de um Impeachment?

João Leite

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