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segunda-feira, 11 novembro , 2024

Dória diz não aceitar indisciplina e Coronel da PM

Segundo nota do Governo de São Paulo, o afastamento se deu devido a postagens do Coronel Lacerda em sua rede social incitando manifestações.
Governador João Dória

O governador do Estado de São Paulo, João Dória (PSDB), afastou o coronel da Polícia Militar Aleksander Lacerda após ter convocado seus amigos para ato a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partigo). O ato está programado para acontecer no dia 7 de setembro em Brasília.

Manifestações político-partidárias por parte de integrantes da PM são proibidas, e Lacerda foi afastado do cargo de chefia por indisciplina. Uma reunião do comando geral da PM foi convocada para esta segunda-feira (23) e pode determinar outras punições à Lacerda.

Coronel Lacerda é afastado da PM de SP após manifestação política em redes sociais
O Coronel Aleksander. Reprodução Facebook.

O coronel comandava cerca de 5 mil policiais de sete batalhões da região de Sorocaba, região que conta com 78 municípios, um dos motivos que gerou ainda mais repercussão, principalmente pelo que foi visto como uma politização da tropa.

A preocupação em torno do tema é que Bolsonaro use as PMs para tentar uma ruptura instituicionaç e mude o cenário para as eleições de 2022. No sábado (21), os governadores João Doria (PSDB-SP) e Wellington Dias (PT-PI), anunciaram um encontro entre 24 governadores para discutir a defesa das instituições democráticas.

Fala do policial gera preocupação no Estado de São Paulo

Apesar de Doria dizer que acredita não haver contaminação da Polícia e apontar à Folha de S. Paulo que “São Paulo tem orgulho da sua Polícia Militar”, a situação abalou a imagem de certeza do governador.

Não apenas o Governo de São Paulo, mas governadores de outros Estados também se mantêm em alerta com a infiltração de ideias defendidas pelo Planalto em suas tropas. A preocupação atinge principalmente Estados como Bahia, Ceará, Pernambuco e Maranhão, que tem no governo opositores de Bolsonaro.

O sentimento de estranhamento já se encontrava agravado desde o motim ocorrido no Ceará em fevereiro do ano passado, quando as tropas se recusaram a encerrar a paralização determinada pelo governo do Estado. Outro estranhamento na região foi a ação violenta de policiais do Recife em maio deste ano, nas manifestações contrárias ao presidente.

[Recife, 03/07, 11h30] Ato contra Bolsonaro registrado na Ponte Duarte Coelho, no Centro do Recife, neste sábado (3) — Foto: Priscilla Aguiar/G1
Protestos no Recife foram duramente reprimidos pelas forças polícias do Estado.  Foto: Priscilla Aguiar/G1

Esse tipo de reação foi classificado pelo governador de São Paulo como “milicianização das PMs”. Dória diz que o motim cearense aconteceu principalmente por conta do Presidente da República, que constantemente promove o discurso armamentista e “revoltoso” das forças policiais. João Dória também desta a proximidade da família Bolsonaro com as milícias de ex-policiais do Rio.

Em decisão recente, Dória concedeu o uso da Avenida Paulista para os manifestantes pró-Bolsonaro que haviam realizado o pedido com antecedência. No caso, a Justiça apenas determina que um grupo político ocupe a via por vez para evitar confrontos.

Coronel também critica políticos contrários a Bolsonaro

Além da chamada para o ato de 7 de setembro, Lacerda também criticou outros políticos da oposição e o Supremo Tribunal Federal (STF).

O coronel utiliza a analogia sobre a variante delta do coronavírus para chamar Doria de “cepa indiana”, além de afirmar que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), é “covarde”, e que o deputado Rodrigo Maia é qualificado como beneficiário de um esquema “mafioso”.

Lacerda utilizava principalmente o compartilhamento de publicações de blogueiros e de parlamentares aliados do Planalto através do Facebook.

Publicações feitas pelo coronel em seu Facebook. Reprodução Facebook.

Em contagem realizada pelo jornal Estado de São Paulo, o coronel realizou 397 publicações de caráter político-partidário entre os dia 1º e 22 de agosto, sendo 152 delas com campanhas de pautas de Bolsonaro, como a do voto impresso.

Publicou ainda 148 críticas e ofensas ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de seus ministros.

Em 5 de agosto o coronel chegou a dizer que sentia “[…] nojo do STF”, retratando Alexandre de Moraes em uma de suas publicações com o bigode do ditador Adolf Hitler.

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