O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, é um dos ministros do governo Bolsonaro que receberam relógios de luxo do governo do Qatar durante uma viagem em outubro de 2021.
O Tribunal de Contas da União já notificou a Comissão de Ética da Presidência da República sobre o ocorrido, mas Machado alega que a comissão decidiu em 2022 que eles não precisavam devolver os presentes.

Em uma rede social, o ex-ministro do Turismo afirmou que um órgão ligado à Presidência da República teria considerado “indelicado” devolver um relógio de luxo que ele recebeu do governo do Qatar em 2019.
TCU sugere devolução dos presentes
O Tribunal de Contas da União afirmou que o recebimento de presentes caros extrapola “princípios da razoabilidade e da moralidade” pública e sugeriu a devolução dos objetos.
No entanto, Machado encaminhou mensagem à coluna da Mônica Bergamo afirmando que a comissão de ética decidiu que ele não precisa devolver o objeto.
Outros ministros não se pronunciam
Osmar Terra (ex-ministro da Cidadania)e Ernesto Araújo (ex-ministro das Relações Internacionais) também receberam presentes, mas ainda não se pronunciaram sobre a devolução dos relógios que receberam.

Na mesma ocasião, o ex-secretário do antigo Ministro da Economia, Caio Megale, recebeu um relógio semelhante. No entanto, em 6 de março, ele afirmou que planeja devolver o item de luxo.
Caio Megale é economista-Chefe da XP Investimentos e já ocupou cargos importantes em governos e empresas. Foi Secretário Municipal da Fazenda de São Paulo, Secretário de Desenvolvimento da Indústria e Comércio e Diretor de Programas no Ministério da Economia. Megale também foi professor de Economia e tem artigos publicados em jornais. É formado em Economia pela USP e possui mestrado pela PUC-Rio, com dissertação premiada pelo BNDES.

Somente após uma notificação do TCU à Comissão de Ética da Presidência da República, alertando que o recebimento de presentes caros por funcionários do governo fere princípios éticos e de moralidade pública, é que foi tomada a iniciativa de devolver os relógios.
As joias do ex-presidente Bolsonaro
Relatos recentes indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu presentes caros e, em alguns casos, ilegais.
Segundo informações, ele estaria em posse de um conjunto de joias Chopard, de origem suíça, que foram trazidas de forma ilegal para o país pelo governo da Arábia Saudita em outubro de 2021.
Além disso, a Receita Federal reteve um conjunto de diamantes avaliado em R$ 16,5 milhões pelo governo saudita, mas as peças foram retidas pela Receita Federal por entrarem ilegalmente no Brasil.

O ex-presidente Bolsonaro pressionou os ministérios e a Receita para tentar recuperar as joias, mas não teve sucesso. Ele nega irregularidades, segundo seu advogado, Frederick Wasseff, ao passo que Michelle Bolsonaro ironizou as notícias sobre o caso.
Caso de militar que tentou desembarcar com artigos de luxo não declarados
O caso dos presentes de alto valor a autoridades brasileiras ganhou destaque com a revelação em uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de que um militar que assessorava o então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) tentou desembarcar no Brasil com uma série de artigos de luxo na mochila.
Os artigos trazidos seriam presentes do governo da Arábia Saudita a Jair Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A Receita Federal apreendeu os bens e os avaliou em 3 milhões de euros (cerca de R$ 16,5 milhões), pois não foram declarados.