O Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou de nova motociada na manhã de sábado (26) em Chapecó (SC). Bolsonaro cumprimentou apoiadores e não usou máscara de proteção, além de provocar aglomerações, contrariando as normas de segurança para evitar a disseminação do novo coronavírus.
O evento ocorro no momento em que a cidade de Chapecó tem 96% dos leitos ocupados com pacientes com Covid-19. João Rodrigues (PSD), prefeito de Chapecó é aliado de Bolsonaro e defensor do tratamento precoce, com uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
Nitidamente incomodado, Bolsonaro aproveitou o momento e subiu em carro de som e passou a atacar parlamentares que fazem parte da Comissão Parlamentar de Inquérido (CPI) da Covid-19 no Senado, que investiga possíveis atos e omissões do governo federal.
“Não adianta provocar, inventar, querer nos caluniar, nos atacar 24h por dia porque não conseguirão. Só uma coisa me tira de Brasília: o nosso deus. Não vão ganhar no tapetão ou inventando narrativas”, disse o presidente nesse sábado.
A última polêmica gerada na CPI foi o depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF), colhido na sexta-feira (25). Ele e seu irmão Luis Ricardo Fernandes Miranda, que é servidor no Ministério da Saúde participaram da sessão.
Em sua fala, o deputado afirmou que o presidente sabia que o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), estaria envolvido em possíveis irregularidades na compra de vacinas da Covaxin.
“Foi o Ricardo Barros que o presidente falou. Eu queria ter dito desde o primeiro momento, mas vocês não sabem o que eu vou passar por apontar que o presidente da República, que todo mundo defende como uma pessoa correta e honesta […]”, disso o deputado aos senadores.
A vacina foi desenvolvida no laboratório indiano Bharat Biotech e tem estado no centro de acusações de superfaturamento. Embora não tenha sido inicialmente pautado pela CPI da Covid, o caso repercutiu nas audiências e tem se tornado um entrave para o Governo Federal.
As acusações de superfaturamento
Mais cara que as demais vacinas, a Covaxin tem sido o centro de polêmica dentro do Planalto, já que o Governo Brasileiro fechou contrato de R$1,6 bilhão para importar as 20 milhões de doses do imunizante. O preço pago por dose é de aproximadamente R$75,25 (US$ 15), segundo a Precisa Medicamentos, representante brasileira do Bharat Biotech.
As suspeitas começaram quando o documento fiscal (invoice) da carga da vacina foi entregue ao Ministério da Saúde com indicação de pagamento de US$150 por dose.
Em 20 de março, Luis Ricardo Fernandes Miranda e o deputado Luiz Miranda alertaram Bolsonaro sobre os indícios de superfaturamento.
Três dias depois, outro funcionário pediu correção da fatura. O novo documento corrigiu o valor de doses adquiridas de 300 mil para 3 milhões, o que tornaria o cálculo condizente com o valor de US$ por dose.
Durante a sessão de sexta-feira, depois de revelar o nome de Ricardo Barros, o deputado Luís Miranda manifestou inconformidade com o episódio.