Embora os números de óbitos devido a Covid-19 tenham caído significativamente, a ausência de dados divulgados pelo Ministério da Saúde pode prejudicar o monitoramento da doença e mascarar o aumento de casos, principalmente da variante ômicron da doença.
Isso porque, segundo especialistas do setor, a pandemia no Brasil poderia estar novamente em ascensão, empurrada principalmente pela nova variante, menos letal, mas mais transmissível.

Desde o início da pandemia, as informações recolhidas e disponibilizadas pela pasta são a referência para adoção de políticas públicas de saúde tanto nos Estados quanto nos municípios.
Mesmo com as informações compiladas pelo consórcio de imprensa, formado pelos principais jornais e veículos de mídia do país, o levantamento dos números ainda encontra dificuldades, o que impede a confirmação dos dados.
Com a falta de informação, o risco de a subnotificação de casos sobe, o que atrapalha ainda mais os passos necessários para controle da doença.
A cobertura vacinal e o surto de Influenza
Um argumento que favorece a ideia de uma nova onda de transmissão seria a possível redução da cobertura vacinal das vacinas da Pfizer/BioNTech e SinoVac, segundo pesquisa preliminar divulgada pela Universidade de Hong Kong.
Ambas vacinas são amplamente aplicadas no Brasil, sendo inclusive utilizadas juntamente com a da Oxford/AstraZeneca para aplicação da dose de reforço.
Os cientistas notaram redução na produção de anticorpos contra a variante ômicron em pelo menos 5 casos do estudo conduzido com 12 pessoas, embora não haja consenso sobre a medição de anticorpos como única confirmação de redução da eficácia dos imunizantes estudados.

Outro fato que atrapalha o monitoramento é o recente surto de Influenza A (H3N2), que afetam principalmente os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas que já afeta outros estados.
A confusão por parte do público quanto aos sintomas de ambas doenças também fez com que o número de testes em farmácias e postos de saúde dispararem na primeira semana do ano, gerando espera e exigindo agendamento prévia para realização dos testes e demora na divulgação dos resultados.
Os ataques hacker ao sistema de notificações de Covid-19
A situação do monitoramento dos número divulgados pelo Ministério da Saúde já vinha sendo prejudicada desde dezembro do ano passado, quando ataques hackers retiraram do ar o sistema de notificação do ministério, além de prejudicarem o funcionamento do aplicativo do Governo Federal para emissão do comprovante de vacinação, o ConecteSUS.

Em nota, a pasta afirmou que os sistemas Sivep-Gripe, e-SUS Notifica e SI-PNI já estão restabelecidos e que a normalização do seu funcionamento está prevista para esse mês.
Além da fragilidade do sistema, a subnotificação é agravada pela falta de políticas de testagem em massa da população, o que leva à notificação apenas dos casos que sejam sintomáticos ou mais graves da doença.