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segunda-feira, 11 novembro , 2024

Queimadas atingem o pior mês de junho desde 2007

Cerrado teve mais de 10 mil focos entre janeiro e junho, pior marca para o período desde 2010
Queimadas atingem o pior mês de junho desde 2007

Por Greenpeace

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), junho deste ano teve o maior número de focos de calor na Amazônia registrados para o mês desde 2007, foram 2.562 focos detectados. Mato Grosso e Pará lideram, concentrando 64,5% e 21,7% dos focos, respectivamente.

Desde 23 de junho, o uso do fogo em território nacional foi proibido por 120 dias, de acordo com decreto presidencial (nº 11.100/22). Ainda assim, 1.113 focos foram registrados na Amazônia desde então.

“A estação seca mal começou e a Amazônia já está batendo novos recordes na destruição ambiental. O ocorrido não surpreende visto que a região está sob intensa ameaça, com altos níveis de ilegalidade que continuam devastando grandes áreas e vidas”, avalia Cristiane Mazzetti, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.

Outro sistema do Inpe, o Deter, que monitora os alertas de desmatamento na Amazônia, aponta para uma área total de 2.867 km² com alertas de desmatamento entre janeiro e maio. Ou seja, é possível que o cenário se agrave ainda mais nos próximos meses, pois muitas dessas áreas que foram previamente desmatadas deverão ser queimadas, já que o fogo é usado na Amazônia para realizar o desmatamento ou queimar os restos da floresta derrubada.

Além da Amazônia, no Cerrado, o número de focos de calor segue alto, com 4.239 focos de calor. Já no Pantanal, houve um aumento de 17% em relação a junho de 2021, com 115 focos registrados. 

Cenário político esquenta o clima na floresta

Outro fator crítico é o fato deste ser um ano eleitoral, quando a devastação ambiental historicamente se acentua. “A tendência desse contexto é catastrófica, não somente pela perda da biodiversidade nesses biomas, mas também para as populações que vivem na Amazônia e adoecem com a fumaça, em especial os povos indígenas e comunidades tradicionais que além de sofrer com a fumaça, têm seus territórios invadidos e desmatados!”, afirma Mazzetti. 

As queimadas iniciadas no início do mês de setembro de 2020, atingiram fortemente as aldeias Ka’a kyr e Cajueiro, na Terra Indígena Alto Rio Guamá. (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real-26/09/2020)
As queimadas iniciadas no início do mês de setembro de 2020, atingiram fortemente as aldeias Ka’a kyr e Cajueiro, na Terra Indígena Alto Rio Guamá. (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real-26/09/2020)

Para Cristiane, esses números reforçam o desafio de superarmos essa economia que se alimenta de floresta e que não desenvolve a região.

“É um ano decisivo para o Brasil. É preciso que o povo brasileiro reflita profundamente sobre o futuro que precisamos para o nosso país”, complementa.

Enquanto a Amazônia queima e representa uma dinâmica que precisamos eliminar, no último mês o Greenpeace realizou em Manicoré (AM) uma expedição para mostrar a Amazônia que precisamos para o futuro, junto de pesquisadores estudando a biodiversidade e de comunidades tradicionais que lutam pela proteção de seu território já ameaçado pelo avanço do desmatamento, da grilagem e da exploração madeireira na região.

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